Alcácer do Sal combate desafios demográficos e do envelhecimento com aposta no desenvolvimento económico, diz Vítor Proença

O presidente da Câmara de Alcácer do Sal, Vítor Proença, disse que o concelho tem conseguido combater os desafios demográficos e do envelhecimento da população com uma aposta no desenvolvimento económico ao nível do turismo e do setor agrícola, mas criticou “o calvário” para obter “um simples parecer”.

“Alcácer do Sal tem travado nos últimos anos uma luta titânica para vencer dificuldades estruturais, como a demográfica e o envelhecimento, trilhando um caminho de progresso sustentável”, afirmou o autarca que falava na cerimónia de inauguração da 32.ª edição da PIMEL.

De acordo com o autarca, apesar destes desafios, nos “próximos cinco a 10 anos” está previsto “um incremento da oferta turística” em “mais 5.500 unidades de alojamento no arco litoral de Alcácer do Sal e Grândola, entre quartos de hotel, apartamentos e moradias”.

Além do setor turístico, este território tem vindo a ser procurado pelos investidores “no domínio agroalimentar”, desde “os mirtilos, a novas variedades de arroz, nas hortícolas, relva, batata-doce, tangerinas e no abacate”, precisou.

“Estamos a ter procura no domínio da transformação para a indústria farmacêutica [e] temos procura para o alargamento da oferta hoteleira […], para as energias renováveis, para projetos de lazer e de bem-estar”, acrescentou.

A tudo isto junta-se a aposta “na qualificação” do concelho que se traduziu num investimento “na ordem dos 14 milhões de euros” no último Quadro Comunitário de Apoio.

“Estes 14 milhões de euros permitiram-nos atingir cerca de 10 milhões de euros em FEDER e já estamos lançados no Portugal 2030 e para as oportunidades que se podem abrir no Fundo de Transição Justa, particularmente na mobilidade sustentável”.

Segundo o autarca comunista, Alcácer do Sal “acolhe todos os investimentos que sejam geradores de emprego, de riqueza, de valor acrescentado e ambientalmente sustentáveis”, sendo disso exemplo o projeto de ampliação do Parque de Empresas.

Trata-se de “uma área de 13 hectares que está a encontrar alguns entraves, alguns inexplicáveis, por parte das Florestas e também por parte da Agência Portuguesa do Ambiente”, lamentou.

“Hoje os investimentos acontecem e erguemos bem alto a bandeira da desburocratização e da simplificação. Os tempos atuais não se compadecem com as dificuldades burocráticas. Sim, há que ter normas, há que ter regras, cumpri-las, mas carregar a dificuldade e inventarem-se problemas que atrofiem, isso não, venham de onde vierem”, frisou o autarca.

E criticou o “calvário” dos municípios para verem garantidas “autorizações, licenças e até mesmo um simples parecer”.

Segundo o autarca, o concelho de Alcácer do Sal, com os seus 1.500 quilómetros quadrados, “tem uma área afeta à Rede Natura 2000 de 44%”, em contraponto com o concelho vizinho de Grândola que tem apenas 10%, e é o município “com maior área abrangida pela Reserva Natural do Estuário do Sado”.

“Desde alguns anos também assistimos, e espero que se modifique, algumas dificuldades que são colocadas na aprovação de um conjunto de projetos. A batalha pela descomplicação e pela simplificação tem de continuar, pois os investidores têm o cronometro ligado que algumas vezes os burocratas não entendem”, defendeu.

No seu discurso, Vítor Proença reconheceu que os municípios têm pela frente “o grande desafio” da habitação, para o qual defendeu “soluções a curto-prazo”, desde logo “alojamento condigno para os trabalhadores nacionais ou imigrantes que a região necessita”.

“Temos de equacionar poder ser admitida a construção de casas a custos controlados e com rendas acessíveis próximo dos perímetros urbanos. Igualmente temos de encontrar soluções para essa falta de recursos humanos que é gritante nesta região” do litoral alentejano, concluiu.

Durante a cerimónia, o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo, José Santos, aproveitou a presença de um membro do Governo no certame para pedir “mais turismo no Programa Regional 2030”.

“É preciso que o Estado direcione políticas públicas para os desafios que se vão fazer sentir neste território”, defendeu o responsável.

A 32.ª edição da PIMEL, dedicada aos 50 anos do 25 de Abril, conta com 117 expositores, 14 tasquinhas, um reforço nos pontos de fornecimento de comida e bebida e um programa muito forte no qual se destaca o regresso, quase três décadas depois, das Marchas Populares a Alcácer do Sal.

O cantor Fernando Daniel atua, este sábado, na PIMEL cujo programa inclui ainda o espetáculo de Marchas Populares “Arte e Tradição”, na Praça de Toiros João Branco Núncio, no domingo e, na segunda-feira, Dia do Concelho, a cantora brasileira Paula Fernandes.

Para além destes espetáculos, o recinto do Parque Urbano irá receber os tradicionais Concursos de Mel, Doçaria e Petiscos, Exposição de Gado e Máquinas Agrícolas, animação, o Espaço Criança, o Espaço Jovem, as tradicionais tasquinhas, atividades equestres, e a Pimel Kid’s Cup.