Bloco de Esquerda defende que encerramento da central a carvão de Sines deve respeitar trabalhadores
Escrito por Helga Nobre em 15 de Janeiro, 2021
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defendeu hoje o encerramento da central termoelétrica de Sines e lembrou que uma transição climática justa deve respeitar os trabalhadores.
“O BE sempre disse que era necessário encerrar as centrais a carvão, por uma questão climática e da reconversão energética do país. É preciso diminuir as emissões, mas sempre dissemos que só há uma transição energética justa com respeito por quem trabalha e pelos trabalhadores”, disse aos jornalistas.
No final de uma reunião com um grupo de trabalhadores e ativistas sindicais da Central Termoelétrica de Sines, que encerrou esta sexta-feira, Catarina Martins, considerou “inaceitável” a ausência de soluções para os trabalhadores.
“A Central de Sines tinha de fechar, mas na verdade não há nenhuma solução para os trabalhadores, numa central em que muitos dos trabalhadores são precários, em que ninguém se preocupou com o seu futuro, e outros, trabalhadores da EDP, em que alguns estão a ser pressionados para aceitarem uma reforma mais cedo e com grandes penalizações”, adiantou.
Considerando ser “fundamental que todas as medidas para a transição energética sejam acompanhadas de medidas de emprego”, a coordenadora do BE disse ser “inaceitável” que “nada tenha sido feito pelos trabalhadores”.
“Em primeiro lugar, a EDP despede e os trabalhadores precários, que trabalhavam para empresas em outsourcing, sem nenhuma proteção, no pior momento para o emprego e para a Segurança Social (SS) do país, como a pandemia, sem capacidade para encontrarem emprego e com uma SS muito sobrecarregada. Em segundo lugar, a EDP vai aceder aos fundos europeus para a transição energética, mas entretanto já despediu os trabalhadores”.
“Dissemos ao Governo que era fundamental, para que a chamada bazuca europeia fosse em nome das pessoas, ter regras claras. Não se podia dar fundos europeus sem garantias da manutenção do emprego e aquilo que estamos a ver na EDP é o resultado da falta de coragem do Governo em impor regras para a economia”, criticou.
Para a líder do Bloco de Esquerda “a EDP condena ao desemprego centenas de precários no pior momento da pandemia, manda para a SS todos os encargos desse despedimento e a seguir vai-se candidatar aos Fundos Europeus para a transição energética e isto é inaceitável”.
“Os trabalhadores que aqui estão têm muitos deles uma enorme especialização, que do ponto de vista industrial têm uma experiência que poucos têm em Portugal e como nós precisamos da sua competência e não a podemos perder”, acrescentou.
Catarina Martins recordou ainda que “o Governo prometeu que quando fechasse a central de Sines havia uma outra série de projetos, associados ao encerramento, que estariam em marcha e que iriam absorver estes trabalhadores, e isso não aconteceu”.
“Ali dentro, trabalhavam todos os dias mais trabalhadores de empresas de outsourcing do que trabalhadores da EDP. Esses, pura e simplesmente, o Governo e a EDP fazem de conta que não existem, mandam-nos para o desemprego”, afirmou.
Segundo a coordenadora “foi prometido que existiria projeto para esses trabalhadores no âmbito da reconversão energética e o que se está a ver é que se está a fazer o que é mais fácil e mais barato para a EDP, com prejuízo para os trabalhadores e para a segurança social”.
“Quando vierem os fundos europeus para a transição energética, eles virão alegremente para a EDP enquanto os