Bloco de Esquerda diz “não às mega centrais solares” previstas para Santiago do Cacém
Escrito por Helga Nobre em 17 de Maio, 2021
A concelhia de Santiago do Cacém do Bloco de Esquerda (BE) está solidária com as preocupações e protestos das populações de São Domingos e Vale de Água e de Cercal do Alentejo pela instalação de duas centrais solares de dimensão “completamente exagerada”neste território.
De acordo com o BE, em comunicado, “as populações não são esclarecidas nem ouvidas. Tudo tem sido feito nas suas costas. As consultas públicas são obrigatórias, mas a sua divulgação é completamente insuficiente, como aconteceu em São Domingos e Vale de Água”.
Em Cercal do Alentejo, “a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) veio à última da hora fazer uma sessão de esclarecimento, mas os seus técnicos tiveram a desvergonha de dizer que já estava tudo decidido e que não eram obrigados a ouvir a população”, acrescenta.
No entender dos bloquistas, a Câmara Municipal “que devia ter promovido o debate público, não assumiu a sua responsabilidade de informar, ouvir e esclarecer as populações, quando conhecia há mais de um ano estes projetos” previstos para o concelho de Santiago do Cacém.
“O Governo do Partido Socialista prevê empreendimentos desta natureza por todo o país, numa estratégia de descarbonização lesiva das populações, entregando a produção de energia a empresas que na lógica do lucro máximo irão beneficiar dos dinheiros europeus da tal “bazuca” financeira, para implementar sistemas de produção centralizados, numa lógica de maximização dos lucros e minimização dos custos”, crítica.
Para o BE, estes projetos que “terão um impacto enorme para as populações” vão “afetar a Reserva Agrícola Nacional, destruir montado de sobro, danificar ou destruir caminhos rurais, alterar profundamente a paisagem e os ecossistemas, ter impactos nos microclimas locais, inviabilizar o turismo rural e de natureza”.
“Ao fim dos 30 anos de exploração prevista para estas centrais solares,não há resposta quanto ao destino de toneladas de resíduos resultantes das estruturas metálicas e dos próprios painéis. É o que se chama sugar o território e deixar lá o lixo”, lê-se no comunicado.
Além de considerar o “impacto social” destes projetos “nulo”, uma vez que “não vão criar emprego, nem dinamizar o comércio local”, o BE entende que o combate à crise ambiental não pode ser feito “a qualquer custo contra as populações e os seus interesses”.
Por isso, além de discordar destes projetos e opor-se “frontalmente à sua implementação em São Domingos/Vale de Água e Cercal do Alentejo”, desafia a Câmara Municipal e as forças políticas “que se reclamam de esquerda a tomar posição a favor das populações, opondo-se a estes projetos”.
A concelhia defende “um modelo social, verdadeiramente socialista, de transição justa para o ambiente e para as pessoas, que gere emprego, proteja os recursos naturais e promova o desenvolvimento sustentável”.
Apoia ainda “um modelo de produção público ou cooperativo de autoconsumo, descentralizado, que aproveite as coberturas de edifícios, os espelhos de água das zonas improdutivas e políticas públicas ecológicas a nível central e local, dos transportes à habitação e a criação de unidades produção de painéis solares e tecnologias associadas, em vez do recurso à importação”.