Comissões de Utentes contra “proliferação” de Balcões SNS 24 no litoral alentejano
Escrito por Helga Nobre em 4 de Janeiro, 2024
As comissões de utentes do Litoral Alentejano criticaram “a proliferação” de Balcões SNS 24 para teleconsultas ou renovação de receitas e exigiram do Governo mais recursos humanos que garantam “uma medicina de proximidade” na região.
Em comunicado, a Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano denunciou “a política do Governo no que toca à proliferação de Balcões SNS para prestação de serviços digitais” aos utentes, “ao invés de investir em recursos humanos que garantam uma medicina humanizante e de proximidade”.
De acordo com o porta-voz das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano, Dinis Silva, estes balcões representam “uma falsa segurança para os utentes e para a população em geral”.
“As pessoas pensam que estão a ser bem atendidas, mas o médico precisa de observar os utentes e esta proliferação de Balcões SNS no litoral alentejano é uma infelicidade que veio a acontecer” a esta região, acrescentou.
Trata-se de “consultas por videoconferência, feitas por trabalhadores das juntas de freguesia e com os custos da energia elétrica, entre outros, também [a cargo] das juntas de freguesia”, afirmou.
No documento, as comissões de utentes dão o exemplo das localidades de Luzianes-Gare e Bicos, no concelho de Odemira, São Francisco da Serra, em Santiago do Cacém, e Rio de Moinhos, em Alcácer do Sal, onde foram instalados balcões.
Os utentes dessas povoações “não têm acesso aos mais básicos cuidados de saúde” e estão “privados da visita de médico e enfermeiro às suas localidades”, criticou.
Para a Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano esta não é “uma solução para o problema” da falta de profissionais de saúde neste território.
A instalação de Balcões SNS 24 “desvirtua o princípio humanizante da medicina de proximidade, induzindo a robotização da medicina, com consequências negativas para a avaliação clínica realizada”, frisou.
“A chantagem indireta a que os executivos das juntas de freguesia são sujeitos, uma vez que não têm resposta do Ministério da Saúde para a colocação de recursos humanos”, e a “pressão de tentar garantir o acesso da população a cuidados de saúde, faz com que acabem por aceitar uma ‘não solução’”, disse a entidade.
Por isso, Dinis Silva voltou a defender a “reabertura das extensões de saúde, a colocação de médicos com especialidade de medicina geral e familiar”, assim como “consultas, no mínimo, uma vez por semana”.