Ferrovia: PCP defende restabelecimento do transporte de passageiros na Linha de Sines
Escrito por Helga Nobre em 2 de Abril, 2021
O PCP defendeu esta quinta-feira a necessidade urgente do Governo promover a requalificação e reabertura do serviço regional e inter-regional de transporte ferroviário no litoral alentejano e distrito de Setúbal.
Para assinalar a semana do lançamento oficial do Ano Europeu do Transporte Ferroviário, iniciativa que pretende destacar o papel da ferrovia na economia, na sociedade e no ambiente, a DORLA do PCP organizou três iniciativas na região, com a participação de João Ferreira, deputado do PCP no Parlamento Europeu.
“Queremos alertar para os investimentos, há muito tempo previstos, mas não concretizados. Noutros casos, ainda não previstos, mas necessários e noutros, aquilo que é o simples reverter de desenvolvimentos negativos, como é o caso da suspensão do serviço regional na linha do Sul, ou da suspensão, essa mais antiga, do funcionamento do transporte de passageiros na linha de Sines”, afirmou aos jornalistas.
Para o deputado “era necessário reverter esses desenvolvimentos negativos” numa região que, pelas suas características, “sente-se muito os prejuízos que houve e os retrocessos no que toca ao funcionamento da ferrovia”.
“Os comboios voltaram a estar na moda, mas é importante que não seja só propaganda e que não seja só tem para ilustrar temas europeus”, advertiu João Ferreira que defende a necessidade de “levar a cabo investimentos que foram suspensos”.
No caso concreto de Sines, em que o transporte de passageiros na linha de Sines foi suspenso, nos anos 90, o deputado comunista diz que “seria mais fácil reverter” esta decisão e “utilizar a infraestrutura existente” para “restabelecer o funcionamento da Linha de Sines”.
“A linha nunca deixou de funcionar na sua componente de transporte de mercadorias, fruto da importância que o Porto de Sines tem, sendo mais fácil reverter o fim do funcionamento do transporte de passageiros e restabelecer o funcionamento da Linha de Sines, numa primeira fase aproveitando as estações e os apeadeiros e, numa segunda fase, cuidando, em articulação com o município e a CIMAL, investimento para uma nova estação que iria servir toda a população residente e a que faz os movimentos pendulares”, frisou.
Junto da antiga estação de comboios, convertida em Escola das Artes do Litoral Alentejano, em Sines, o deputado comunista denunciou que, em Portugal, nas últimas décadas, “foram suprimidos mais de 1.200 quilómetros de ferrovia, destruídos mais de 20 mil postos de trabalho na ferrovia, e encerradas fábricas com capacidade produtiva ligada à ferrovia”.
“No que toca a esta região em particular, do ponto de vista da infraestrutura ela existe. Tanto a linha do Sul como a linha de Sines estão aí e diariamente há comboios a circular nestas infraestruturas. Trata-se de uma opção de gestão que passa por restabelecer agora um serviço que foi suprimido. No caso da Linha do Sul, há dez anos, e no caso da Linha de Sines, nos anos 90, que podem rapidamente ser restabelecida, assim haja uma decisão nesse sentido”, acrescentou.
Antes, em Luzianes-Gare, no concelho de Odemira, realizou-se uma tribuna pública pela reposição do comboio de passageiros. Uma localidade que cresceu e se desenvolveu com o comboio, que tem estação e linha, “faltando apenas a vontade política de colocar em circulação o comboio de passageiros”.
Nesta localidade “a população está há dez anos a ver os comboios a passar”, uma situação que “suscita uma compreensível revolta nas populações” e que, reconhece, ser “uma afronta” depois de “retirados serviços públicos”.
O grupo parlamentar do PCP apresentou um projeto de resolução na Assembleia da República pela requalificação e reabertura do serviço regional e inter-regional de transporte ferroviário, assegurar a passagem por Setúbal no serviço Intercidades Lisboa/Faro de um comboio em cada sentido, e pela retoma do serviço regional de passageiros na Linha de Sines.