Festival Músicas do Mundo em Sines distingue-se pela “inclusão” de artistas e “culturas esquecidas”
Escrito por Helga Nobre em 9 de Junho, 2022
O Festival Músicas do Mundo (FMM), que regressa a Sines, de 22 a 30 de julho, distingue-se pela “inclusão dos artistas de várias geografias periféricas e de culturas muitas vezes esquecidas”, destacou o diretor artístico.
“Aquilo que fazemos é o mapeamento de um património musical do mundo contemporâneo e lutamos pela inclusão no circuito de música ao vivo dos artistas de várias geografias periféricas e de culturas muitas vezes esquecidas”, defendeu Carlos Seixas.
Carlos Seixas falava durante a apresentação oficial da 22.ª edição do FMM, que se realizou na quarta-feira na aldeia de Porto Covo, em Sines.
De acordo com o programador, o alinhamento de “qualquer festival é mais do que um catálogo do que vamos ver e ouvir. É também a ressonância de um dos maiores problemas da música ao vivo: a contínua secundarização da igualdade e da diversidade das mulheres e das minorias”, disse.
Crítico em relação “à hierarquia na indústria da música” no Ocidente, onde considerou que não existe “renovação” e “coragem para introduzir diversidade”, o diretor artístico lamentou o facto de “nunca se ter em conta o nível de criatividade, da experiência e da influência das mulheres”.
O festival, que o responsável disse ter como missão “juntar as velhas e as novas gerações da música de todos os continentes em viagens diárias de felicidade e de luta”, vai contar, este ano, com 46 concertos de artistas de quatro continentes.
No regresso aos vários palcos do concelho, os promotores querem reforçar a visibilidade das artistas mulheres e “o seu contributo real para a música à escala planetária”, com uma forte presença do continente americano.
Por sua vez, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, saudou a preocupação do diretor artístico em garantir “a igualdade de género” na programação do festival que, “ano após ano”, tem vindo a tornar-se “cada vez mais inclusivo, mais participativo e muito abrangente”.
No entender do autarca, a decisão de realizar o FMM, após dois anos de paragem devido à pandemia de covid-19, é uma “aposta ganha”, apesar de continuarem “a existir preocupações” devido à elevada incidência de casos.
No entanto, garantiu, no decorrer do evento, será dada “muita atenção às questões da segurança” para que o “festival seja um êxito”.
“Era muito importante voltar a retomar a nossa atividade, não apenas cultural, como também ajudar o comércio, restauração e hotelaria, e nada melhor do que ter um festival em Sines e Porto Covo para que esse objetivo” seja alcançado, referiu.
Também Francisco Madelino, presidente da Fundação Inatel, parceira do município na organização do FMM, sublinhou a “resistência” deste festival contra a normalização e a “favor da diversidade intercultural”.
“No fundo, fazendo uma parceria com aquelas pessoas que gostam de se espantar com a diversidade daquilo que há no mundo em termos interculturais, o que é uma matéria extremamente importante com tentativas imperialistas de globalização”, frisou.
Também, indicou, “é um grito de liberdade, ou seja todo este cruzamento cultural que aqui está nos momentos que vivemos também é uma manifestação de todos aqueles que acreditam num mundo de diferenças, de autodeterminação, contra os imperialismos”.
O responsável adiantou ainda que a Fundação Inatel vai apostar, este ano, nas artes de rua para animar “as escadarias” do Castelo durante o Festival Músicas do Mundo, em Sines.
De acordo com a organização, o festival deste ano, que vai juntar “artistas de 27 países e regiões”, regressa “alinhado com os princípios de representatividade geográfica, estética e cultural que o orientam desde a sua origem”.
O FMM vai decorrer, de 22 a 24 de julho, em Porto Covo, onde estão agendados 12 concertos, mudando-se depois para Sines, de 25 a 30, onde o público poderá assistir a 34 concertos, divididos pelos palcos do Castelo, Centro de Artes de Sines e Avenida Vasco da Gama.
Além dos concertos, o FMM Sines inclui um programa de iniciativas paralelas, com concertos especiais, exposições, conferências, sessões de contos, encontros com músicos e escritores, masterclasses, cinema, visitas guiadas, feira do livro e do disco, espetáculos para a infância e ateliês para crianças.