Gouveia e Melo diz que Sines tem um papel “essencial” para uma Europa em mudança
Escrito por Helga Nobre em 23 de Maio, 2022
O chefe de Estado-Maior da Armada, o almirante Gouveia e Melo considerou hoje que Sines é “essencial” numa Europa “que está em mudança” e para um Portugal que “se quer atlântico”.
“Há duas coisas que determinam o futuro: uma é a geografia e outra é a história. Quem se esquecer disso vai de certeza errar o futuro e Vasco da Gama é exemplo disso. É a nossa história associada a uma geografia, esta geografia é Sines” que “hoje é essencial, mas será muito mais essencial com uma Europa que está em mudança e para um Portugal que se quer atlântico”, afirmou Gouveia e Melo.
O almirante falava aos jornalistas, em Sines, à margem da inauguração de um monumento ao navegador Vasco da Gama, da autoria do escultor Vítor Ribeiro, localizado num dos pontos mais destacados da entrada da cidade, a rotunda de acesso à zona comercial, na A26-1.
“Sines pode ser uma localização fantástica para o desenvolvimento de tecnologias que vão ser necessárias para o ser humano ocupar a última fronteira que tem na terra que é o mar. Hoje andamos no mar enquanto nómadas e não enquanto povos sedentários no mar. Temos de fazer agricultura no mar, viver do mar e ter cidades no mar e essa coisa que pode parecer muito esotérica hoje em menos de 50 anos será uma realidade e vai mudar a geografia humana, politica e a geoestratégica”, defendeu.
Por isso, considerou que o Porto de Sines “nesta costa atlântica vai ser uma área fundamental para fazer esse salto, tal como já foi no passado, vai ser agora no futuro”.
“Há muito tempo que se discutia na NATO o reforço da Europa, a partir da América do Norte, do Canadá e de outros países, e isso faz-se através da autoestrada gigante que é o oceano atlântico norte e os pontos de chegada dessa autoestrada são alguns portos europeus, um dos quais o porto de Sines que tem uma localização fantástica”, adiantou.
Para o almirante, num conflito armado, Sines tem “um porto de águas profundas, aberto ao oceano e numa zona muito controlada, daí a necessidade de a Marinha ter um papel de controle desses fluxos marítimos que alimentam depois a Europa que necessita de fontes alternativas, de energia, de cereais e de outros produtos”.
“Faltava uma guerra para mostrar o que certas dependências criam em termos da liberdade geoestratégica de países e regiões. A independência é criada com alternativas e, se não temos alternativas, ficamos dependências das vontades das pessoas que controlam esses poucos recursos”, sublinham.
No seu entender, “havia uma cegueira que muitas vezes tem que ver com a eficiência económica e depois esquece-se que além da eficiência tem de haver segurança”.