Instaurado procedimento disciplinar após agressão a aluno em escola de Grândola
Escrito por Helga Nobre em 27 de Fevereiro, 2023
Um aluno de 14 anos da Escola Básica 2,3 de Grândola foi alegadamente agredido por um colega, na passada quinta-feira, no interior daquele estabelecimento de ensino, tendo o Ministério da Educação instaurado um procedimento disciplinar.
“Ele estava a brincar na escola com amigos da sala, em cima de uma árvore, no intervalo” das aulas, quando surgiu o alegado agressor “que começou a chamá-lo de macaco, de preto” e a proferir outros insultos, contou hoje à rádio M24 a mãe da vitima, Miriam Duval.
Quando o aluno tentou abandonar o local, “essa criança feriu o meu filho com um golpe ‘mata-leão’, jogou-o ao chão” e terá desferido “pontapés e socos” enquanto fazia ameaças de “que ele ia morrer”, relatou.
“Entretanto o meu filho foi ajudado por um amigo e conseguiu ligar-me do telefone dele, porque a escola não deu assistência”, adiantou a progenitora.
Quando chegou ao local, Miriam Duval não foi autorizada a entrar no recinto escolar, mas foi informada que os responsáveis chamaram a vítima para “fazer uma ocorrência contra” o alegado agressor, um aluno de 13 anos, que frequenta a mesma escola.
O menino, que foi levado pela própria mãe até ao Serviço de Urgência Básica de Alcácer do Sal, queixava-se “de muitas dores”, mas teve alta horas depois de ter realizado alguns exames que confirmaram “uma luxação” no pescoço.
“A escola disse que eu tinha de levar o Miguel para o hospital porque não podiam acionar o seguro escolar por ser um caso de agressão” e que iriam fazer queixa junto dos militares “da Escola Segura e depois para a CPCJ [Comissão de Proteção de Crianças e Jovens]”, explicou.
Na sexta-feira, um dia após as agressões, a encarregada de educação deslocou-se ao posto da GNR de Grândola para saber “qual o procedimento que deveria adotar” e foi aconselhada a “ir à escola”, uma vez que a agressão tinha acontecido “no interior” daquele estabelecimento.
No mesmo dia, um elemento da direção da escola terá informado a progenitora de que iriam “apurar os factos” junto do diretor de turma e da vítima. Também a GNR, depois de ter sido chamada à escola, contactou Miriam Duval para ouvir a sua versão, adiantou.
Segundo a encarregada de educação, esta “não é a primeira vez” que o filho é vitima de agressões e insultos no interior deste estabelecimento de ensino e que vai avançar com uma queixa em Tribunal.
“Vou levar [este caso] para o tribunal e enquanto respirar quero justiça, não pelo meu filho mas por tantos outros que têm sofrido e as mães se têm calado”, avançou à Lusa.
O jovem agredido que ficou em casa, na sexta-feira, regressou hoje à escola “muito chateado e triste com a situação e apesar do “desespero” da mãe.
Esta manhã, a diretora do Agrupamento de Escolas de Grândola disse estar indisponível para prestar declarações.
Por sua vez, o Ministério da Educação avançou que o aluno agredido e o encarregado de educação foram ouvidos no próprio dia pelo Grupo de Integração ao Aluno do Agrupamento de Escolas, tendo sido recebidos, esta manhã, pelo Subdiretor do Agrupamento.
E adiantou que “da averiguação preliminar já existente, será instaurado procedimento disciplinar”, e efetuada comunicação da ocorrência ao Destacamento da GNR, Procuradora do Ministério Público e CPCJ de Grândola.
Já na sexta-feira, ao final do dia, a edição ‘online’ do Jornal de Noticias avançou que o rapaz, de 14 anos, de ascendência brasileira e nacionalidade portuguesa, foi “violentamente” atacado e alvo de insultos racistas por outro aluno.