Ordem dos Médicos defende que hospitais periféricos precisam de condições para fixar profissionais
Escrito por Helga Nobre em 27 de Setembro, 2022
A Ordem dos Médicos (OM) defendeu hoje, em Santiago do Cacém, que os hospitais periféricos precisam de ter condições para fixar profissionais de saúde numa “carreira atrativa” ao longo dos anos e que “compensem” o afastamento “das grandes metrópoles”.
“Os hospitais periféricos precisam de condições que ajudem as pessoas a fixar-se e que compensem o facto de estarem afastados das grandes metrópoles”, afirmou o presidente do Conselho Regional do Sul da OM, Alexandre Valentim Lourenço.
Em declarações à rádio M24, no final de uma reunião com os médicos do Hospital do Litoral Alentejano (HLA), em Santiago do Cacém, o responsável alertou que é necessário “ter condições de trabalho para que os recursos humanos possam fazer uma carreira atrativa durante trinta anos na mesma região ao serviço dessas populações”.
“A principal preocupação é saber, se no futuro, a carreira médica volta a ser reerguida [e] se existem outras formas de compensar o facto das pessoas virem de Lamego, Lisboa ou do Algarve para trabalhar no litoral alentejano”, sublinhou.
No seu entender “tem que valer a pena esta deslocação de vários profissionais de grande qualidade para um hospital onde podem fazer uma carreira diferente e melhor”.
“Estas condições estão muito destruídas nos últimos anos, não tem havido incentivos, capacidade de fixação, nem outras formas que apelem e facilitem a integração destas pessoas cheias de boa vontade”, criticou.
Por isso, defendeu ser “importante perceber se, nos próximos meses, a direção executiva, o ministério da Saúde, modifica estruturalmente as condições de carreira para que mais gente venha para estes hospitais e que, a pouco e pouco, se compense as reformas que estão iminentes”.
À semelhança de “muitos outros” hospitais, o HLA, “tem um grupo de médicos que estão cá desde a sua fundação que estão à beira da reforma”, dando como exemplo “a médica de medicina no trabalho que está a quatro meses de se reformar” e “não há ninguém previsto que a possa substituir”, indicou.
Para o representante dos médicos, também “os preços da habitação”, que “dispararam nos últimos meses” na região do Litoral Alentejano, representa “mais um agravamento das situações de quem se queira deslocar” para este território.
“Por causa dos empreendimentos turísticos, por causa da carência, os preços da habitação e o custo de vida nesta região, que parece distante, mas tem muito boas condições para uma pessoa poder viver, dispararam subitamente nos últimos dois ou três anos e tornaram esta região inacessível para a maior parte das bolsas jovens, dos médicos jovens com as carreiras que têm”, alertou.
E defendeu ainda que não se pode criar apenas incentivos para os médicos que se queiram fixar nesta região “esquecendo os que estão cá há 20 ou 30 anos”, criando “uma desigualdade” e “um clima de injustiça”.
“Não podemos criar agora uma desigualdade para médicos que venham com uma idade ficarem a receber o dobro ou triplo daqueles que estão cá a trabalhar há 20 ou 30 anos, isso cria um clima de injustiça, estabelece uma relação de trabalho entre diferentes profissionais que conduz ao afastamento das pessoas”, concluiu.